Seguro Rural como instrumento de novos negócios
23º Encontro de Líderes do Mercado Segurador – O 1% de crescimento do PIB em 2017 muito deve ao desenvolvimento da indústria de agronegócios brasileira, que teve índice de !7% de aumento no mesmo período. O mestre e doutor da Unicamp, Antonio Marcio Buainain, afirmou que o futuro é a economia verde, baseada no princípio da sustentabilidade. Se não for assim, não há continuidade na produção. É o setor que tem o papel de viabilizar economicamente a maior parte do Brasil.
O pesquisador destacou a gestão integrada de riscos na produção agrícola, pois a agricultura é uma ilha cercada de riscos, sejam eles naturais, políticos ou econômicos, com problemas como riscos climáticos, volatilidade dos preços dos insumos, taxa de câmbio, instabilidade política, quadro institucional, doenças animais, risco operacional, geadas, chuvas excessivas, seca, praga.
Em uma estimativa do Banco Mundial, o Brasil anualmente perde R$ 11 bilhões, cerca de 1% do PIB, porque não é feita uma gestão adequada do risco na agricultura. Segundo o especialista, as alternativas de gestão englobam os serviços de previsão do tempo, irrigação, conservação do solo e da água, mercados futuros, infraestrutura para estocagem, práticas de plantio, pesquisas e extensão rural, sistemas de informação, diversificação. “É preciso e é possível administrar os riscos do agronegócio, porque eles custam caro. Mas isso requer políticas e conversas entre o setor público e o privado”, destacou Buainain.
O objetivo da gestão de riscos é diminuir a volatilidade das perdas econômicas, garantindo maior estabilidade para, no médio prazo, aumentar a resiliência do setor. A gestão de riscos depende do desenho de políticas para determinar quais intervenções são mais efetivas. “A dificuldade de mensurar o risco na agricultura tem um conjunto de informações que é muito importante. Para aperfeiçoar o seguro rural no Brasil é preciso quantificar os riscos, ter a magnitude das perdas potenciais. Para tanto é preciso ter um volume grande de informações”, explicou o pesquisador.
A operacionalização do sistema não é difícil, mas requer análise de condições específicas do pais e dos empreendimentos: diferentes riscos, instituições existentes, capacidade dos stakeholders para gerenciar e implantar os mecanismos de gestão. “O corretor de seguros rural tem que ter capacidade de ser um assistente técnico, tem que oferecer sugestões, com abordagem integrada para a gestão do risco. Assim, o seguro poderá ter um preço consistente com o bolso do produtor, a viabilidade do seguro rural e a solvência das seguradoras”, concluiu.
O economista José Roberto Mendonça de Barros reafirmou que o agronegócio foi o único segmento da economia brasileira a crescer na atual crise. De 1995 a 2015 apenas os segmentos agro e extrativistas cresceram nestes vinte anos. O crescimento de agro foi de 5,4%.
Segundo dados da FIPE, nos últimos 40 anos, houve queda sistemática do preços relativos de 20 produtos que não podem faltar na mesa dos brasileiros. A medida que o preço dos alimentos cai, aumenta a possibilidade de compra dos produtos industrializados. “Os maiores desafios a serem enfrentados são: entender o novo consumidor, expandir ainda mais os novos mercados internacionais, e criar valor com novos produtos industrializados (biocombustíveis, novos materiais etc)”, declarou Barros.
O consumidor não perdoa a má comunicação das empresas, em qualquer setor. A nova etapa de crescimento avança no esforço da produtividade via digitalização, agricultura de precisão, sistemas de gestão e avanços na mecanização.
O seguro rural foi apresentado pelo diretor geral do Grupo BB e Mapfre, Wady Cury, que isolou os dados sobre o seguro agrícola para a palestra. “A partir de 2006, quando iniciou a subvenção ao seguro rural, tivemos crescimento de 1.252%. Esta carteira tem papel essencial e, em 2017, as seguradoras ainda não tem a cultura do agricultura. Um seguro rural precisa ser desenvolvido no campo, junto ao produtor”, sentenciou Cury.
Não há reposição no seguro agrícola, apenas a indenização, por isso é preciso entender as especificidades deste segmento. Os países com estrutura de programas de seguro agrícola no mundo são fortes na subvenção dos prêmio, com lei de seguro específicas.
Entretanto, o Brasil ainda tem um valor de 9 bilhões de dólares em importância segurada, número pequeno em relação a outros países com políticas especificas, como Canada com US$ 14 bilhões, EUA com US$ 109 bilhões e China, com 226 bilhões de dólares.
“Os objetivos do seguro agrícola vão desde a estabilidade econômica dos produtos rurais, passando pela indução do desenvolvimento de tecnologia no campo; pela manutenção de emprego no campo e proteção da produção ou da renda do produtor rural, produção da oferta do crédito para o produtor rural”, explicou Cury.
A subvenção serve para incentivar a demanda pelo seguro agrícola, para garantir a expansão e a continuidade do seguro agrícola, propicia a evolução e o desenvolvimento de novos produtos e a equalização do orçamento publico e privado.
Cury comemorou: “O seguro agrícola começou a descolar da evolução do valor da subvenção e o produtor passou a ver o seguro agrícola como um insumo à sua produção. O produtor pensa: ‘Eu adquiri a cultura do seguro agora venha adquirir a cultura da agricultura'”.
Para mais informações acesse: https://www.revistaapolice.com.br