Após chuva, pelo menos 5 mil caminhões ficam parados na BR-163 e tráfego é suspenso
Trecho sem asfalto da rodovia no Pará vira lama; até sexta-feira (8/3) safra que deveria seguir aos portos do norte ficará travada.
Pelo menos 5 mil caminhões carregados principalmente com grãos da safra que está sendo colhida estão impedidos de passar de Mato Grosso para o Pará por conta dos bloqueios no lado paraense da rodovia BR-163. Grande parte desses veículos é de combinações bitrem, mas há também veículos carregados com outro produtos, como combustíveis. A informação é da 6ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), sediada em Sorriso (MT), que presta apoio às operações na região.
O chefe da 6ª Delegacia da PRF, inspetor Leonardo Leitão Ramos, explicou que os caminhões estão concentrados em três municípios: Peixoto de Azevedo, Matupá e na própria Guarantã do Norte. Os motoristas estão parados, principalmente, em pátios de postos de combustível aguardando a liberação dos bloqueios para retomar o tráfego rumo ao norte.
“Nossa recomendação é de que os motoristas permaneçam em locais onde há disponibilidade de recursos e acesso à comunicação até que o tráfego seja liberado. Os motoristas devem ficar atentos às recomendações dos órgãos oficiais”, explicou o inspetor Ramos.
O principal ponto de problema da BR-163 está entre Novo Progresso e Moraes Almeida, onde um trecho sem asfalta da rodovia está intransitável por conta dos danos causados por fortes chuvas na região. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) bloqueou a movimentação na rodovia até esta sexta-feira (8/3), para quando espera terminar o reparo emergencial.
Enquanto o tráfego não é retomado, caminhoneiros parados estão recebendo assistência médica, refeições e água, de acordo com os órgãos do governo federal. Nesta quarta-feira (6/3), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, foi até o local acompanhar in loco a situação.
ARCO NORTE
A BR-163 é a principal via de escoamento da produção agrícola da região norte de Mato Grosso com destino aos portos do norte do país. Com os problemas, o transporte fica impedido e, a depender do tempo que levar para a carga chegar nos terminais, haverá cobrança de demourage, a multa por conta do atraso no embarque dos navios nos portos.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil) ainda não tem um levantamento ou mesmo uma estimativa de eventuais perdas para os produtores rurais. Mas reconhece que há o risco de quebra de contratos de entrega de grãos, o que pode acarretar prejuízos.
“Poderá afetar. Não temos os dados ainda, mas sabemos que poderá acontecer, porque não tem o que fazer agora”, lamenta o presidente da entidade, Bartolomeu Braz Pereira.
Pereira avalia que a situação de hoje reflete uma falta de planejamento que vem de vários anos e diversos governos e reforça a necessidade de uma solução para a BR-163. Ele lembra do compromisso da administração atual, que assumiu em janeiro, de terminar a pavimentação da rodovia neste ano.
“Precisa ser resolvido. É possível e estamos com essas expectativa de que será resolvida essa situação do arco norte”, diz ele.