Seca causa perdas irreversíveis na safra de grãos do Brasil
A seca afetou a produção de grãos no Brasil e haverá redução no rendimento projetado para a safra total em 9,5 milhões de toneladas, ou seja, 3,88% a menos do que era estimado em maio. A produção do milho da segunda safra foi castigada com a escassez de chuvas principalmente em abril e maio e as perdas são irreversíveis em algumas regiões.
Consultorias privadas alertam há semanas para os efeitos da estiagem e consequente quebra de produção no Brasil. Agora, foi a vez do governo reconhecer a perda de potencial produtivo. A Conab estima colheita de 69,9 milhões de toneladas para o milho, menos cerca de 10 milhões em relação ao último boletim emitido em maio. Com o problema da segunda safra, a produção total também foi puxada para baixo. O rendimento esperado será de 96,4 milhões de toneladas, queda de 6% em relação à temporada anterior.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em relatório emitido nesta semana, também apontou redução na produção brasileira. O órgão norte-americano diminuiu de 102 para 98,5 milhões de toneladas a produção total. Essa queda na produção de milho é consequência da seca, mas também de um plantio que ocorreu fora do período considerado ideal. Isso porque a colheita da soja atrasou e a semeadura, que é feita na mesma área, precisou ocorrer mais tarde. O risco climático era alto e se confirmou. Nem mesmo as chuvas dessa semana puderam reverter o quadro que já é de perda consolidada em várias áreas. O radar dos produtores se volta agora para a chance da ocorrência de geadas, que podem afetar negativamente parte da produção que está no campo.
A colheita do milho de inverno está recém começando. O Paraná, um dos maiores produtores, colheu apenas 1% da área até agora. Mesmo com o problema no milho, vale destacar que a safra de grãos ainda será recorde, com mais de 262 milhões de toneladas. Puxada por produção como da soja, que atingiu a maior da história com mais de 135 milhões de toneladas. O dinamismo do agronegócio tem contribuído para a recuperação da economia do Brasil. Só que dessa vez a seca deverá pesar um pouco nos resultados, pelo menos do PIB agro no segundo semestre.
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